1 Anatomia:
Proveniente da raiz de C8 e T1 que formam o fascículo medial do plexo braquial. Segue o seguinte trajeto: desce a região medial do braço, passa posteriormente ao epicôndilo medial do úmero, depois desce na face ulnar do antebraço até a mão
Ele inerva:
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o flexor ulnar do carpo
metade ulnar do flexor profundo dos dedos
os adutores e abdutores dos dedos (interósseos palmares e dorsais)
o adutor do polegar
terceiro e quarto lumbricais
os músculos da eminência hipotenar
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2- Lesões:
Paralisia completa do ulnar se manifesta pela mão em garra e perda sensorial ocorre no dedo mínimo e na metade ulnar do dedo anelar e da palma
O nervo ulnar é vulnerável à pressão na região axilar pelo uso de muletas, mas é mais frequentemente acometido no cotovelo por fratura ou deslocamento dessa articulação. Devido à deformidades o nervo possui uma localização mais superficial e pode ser estirado em seu sulco sobre o côndilo ulnar. Caso o sulco seja raso o nervo pode ser lesionado em situações normalmente inofensivas como flexão excessiva do cotovelo. Este é o ponto mais comum de comprometimento do nervo ulnar.
Outra região de compressão do nervo ulnar é no túnel ulnar (canal de Guyon) ao nível do punho que ocorre devido à compressão prolongada da região ulnar da palma que pode ocorrer em pacientes como ciclistas, maquinistas, carpinteiros, pintores e confeiteiros.
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3- Síndrome do túnel cubital:
Compressões podem ocorrer distalmente ao epicôndilo medial no túnel cubital (aponeurose do flexor ulnar do carpo) a flexão do cotovelo pode causar estreitamento do túnel e constrição do nervo. Esse tipo de afecção é tratado por uma incisão do arco aponeurótico entre o olécrano e o epicôndilo medial
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3.1 Clínica:
parestesia e dor no quarto e quinto dedos, assim como dor o cotovelo e fraqueza na mão. nesse caso as queixas motoras podem preceder as sensoriais devido à prevalência de fibras motoras o nervo ulnar. Outros sintomas podem ser perda de destreza, incoordenação na mão e deixar cair objetos
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Ao exame, a sensibilidade está diminuída na distribuição ulnar, especialmente nas regiões palmar e dorsal do quinto dedo. O músculo lumbrical do quinto dedo e abdutor do dedo mínimo são os primeiros a serem afetados.
A atrofia muscular é proeminente nas lesões do nervo ulnar e os ossos metacarpais podem se tornar visíveis devido à atrofia dos músculos interósseos.
Em casos avançados o quarto e quinto dedos se apresentarão em garra (fraqueza dos lumbricais) o quinto dedo pode se apresentar abduzido em repouso (sinal de wartenberg).
Testes provocativos podem ser usados como teste de tinel e de flexão do cotovelo pressionando-o por 30 segundos
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Sinal de Froment: pede-se para o paciente segurar uma folha de papel com o polegar e o dedo indicador, em seguida o examinador tenta puxar a folha. Caso o paciente não consiga segurar a folha, ou ainda faça uma flexão da falange distal para conseguir segurar a folha, o teste é positivo e indica lesão do adutor do polegar que é território ulnar
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O nervo ulnar possui como território sensorial as porções palmares e dorsais do 4 e do 5 dedo. Esse território dividido entre 3 ramos do nervo ulnar:
Ramo cutâneo dorsal (região hipotenar)
Ramo cutâneo palmar (face palmar do 4 e 5 dedos)
Ramo cutâneo superficial (porção dorsal do 4 e 5 dedos e da região ulnar da mão)
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O conhecimento do território sensorial do nervo ulnar se faz importante para se diferenciar de um acometimento apenas do nervo ulnar ou se engloba o território do nervo cutâneo medial do antebraço (sensibilidade da metade ulnar do antebraço) o que nesse caso sugere uma lesão do fascículo medial e não apenas do nervo ulnar
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3.2 Exames complementares:
Exames diagnósticos incluem eletroneuromiografia que indicam latência motora aumentadas no cotovelo, mas normal no restante do antebraço. O uso de ultrassonografia pode ser útil no diagnóstico de síndrome do túnel cubital, assim como o ressonância para encontrar deformidades e fraturas.
Sempre deve-se lembrar que uma das principais causas de neuropatia ulnar não compressiva é a Hanseníase que deve ser sempre pesquisada nessas situações.
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3.3 Tratamento
Pacientes sem sintomas motores devem seguir o tratamento conservador que inclui evitar situações que provoquem os sintomas, uso de antiinflamatórios, fisioterapia e imobilização da região. Em situações moderadas a graves opta-se pela cirurgia descompressiva
Autor: Gabriel Albernaz
Revisão: Dr. Diego de Castro
Fonte:
Adam's Principles of Neurology 11th ed.
Youmans and Winn neurological surgery 6th ed.
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